Um grupo de pesquisadores italianos usou o rigor da ciência para comprovar o que os donos de cachorro já sabem desde tempos imemoriais: a maneira como os bichos abanam o rabo diz um bocado sobre o que eles estão sentindo. Segundo a equipe, o movimento da cauda muda significativamente dependendo do estímulo ao qual o cão é submetido.
Cães confrontados com seu dono, por exemplo, abanam alegremente o rabo para a direita, com toda a força. Diante de um gato, o movimento predominante também é para esse lado, só com que menos força. Porém, se estiver diante de um outro cão potencialmente ameaçador, o animal move o rabo com mais força para a esquerda, sinalizando medo.
É preciso ter olho realmente clínico para notar, em tempo real, essa sutil "língua do rabo". "É difícil ver esses detalhes a olho nu. O abanar da cauda é tanto para a direita quanto para a esquerda; a diferença é de amplitude relativa, ou seja, de ângulo maior da cauda para a direita ou para a esquerda".
A descoberta não resulta de alguma fascinação especial pelo idioma da cauda canina. Na verdade, o objetivo investigar como as metades direita e esquerda do cérebro controlam os movimentos de cada lado do corpo -- o mesmo fenômeno que faz com que as pessoas sejam destras ou canhotas, por exemplo. A cauda é interessante porque, embora não apareça dos dois lados corporais (ao contrário dos braços e das pernas), provavelmente também envolve colaboração, e às vezes competição, das metades ou hemisférios cerebrais.
Para estudar a questão, os pesquisadores contaram com a colaboração dos donos dos bichinhos, que haviam levado seus cães para um treinamento de obediência e agilidade na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Bari. Participaram do teste 30 cachorros, divididos igualmente entre machos e fêmeas, com idade entre um e seis anos.
Alegria é apenas um dos significados do rabo dos cães |
O teste era simples: cada cão era posicionado num cercado de madeira com uma abertura pequena, através da qual era apresentado um estímulo visual durante um minuto. Esse estímulo podia ser: o dono do cachorro; um humano desconhecido; um cachorro desconhecido e de aparência ameaçadora (um pastor belga macho); um gato; e nada, apenas a visão do exterior vazio.
Enquanto viam os estímulos, os bichos eram filmados de cima. Depois, com a ajuda do computador, os pesquisadores estimaram para que lado a cauda se movia com mais força, ou seja, formando um ângulo maior em relação ao corpo do bicho. Estatisticamente, ficaram claras as diferenças de resposta para cada circunstância: assim, o dono recebia uma abanada com ângulo de mais de 80 graus para a direita; o outro humano, de cerca de 70 graus para o mesmo lado; o gato, de só 30 graus também para a direita; já diante do cão ameaçador ou quando sozinho, o cachorro testado mexia a cauda com mais força para a esquerda.
Ou seja, a cauda do cão pode indicar: Alegria, carinho, medo, surpresa, duvida ou até agressividade.
O segredo é observar o lado para qual é maior a angulação. Se for para a esquerda significa algo negativo (medo, raiva, tensão)
Para direita algo positivo ( Alegria, curiosidade, etc.)
Derick Soares
fonte: Giorgio Vallortigara, pesquisador da Universidade de Trieste
e co-autor do estudo ao lado de Angelo Quaranta e Marcello Siniscalchi,
ambos da Universidade de Bari.