A Raposa do Ártico além de ser um dos mais belos animais das regiões geladas da Terra é também o que apresenta a mais fantástica integração com o meio hostil onde vive cujas temperaturas chegam aos -50º C. Sente-se completamente à vontade e adaptada tanto no verão quanto no inverno e consegue criar os filhotes que, aliás, não são poucos com um sentido de família altamente desenvolvido.
Claro que o chamado novo Ártico, ou seja, uma região que apresenta grandes transformações climáticas atualmente, representa um desafio ainda maior para esse animal. O aquecimento global tem provocado mudanças cada vez maiores na região. O gelo derrete antes do previsto. Placas continentais gigantescas se desprendem e avançam pelo oceano. Tudo isso modifica enormemente o eco-sistema local e influi na fonte de alimentação da Raposa do Ártico tornando sua sobrevivência ainda mais difícil.
De toda maneira parece que a Raposa do Ártico está mesmo preparada para o que der e vier. Para começar seu cardápio inclui praticamente de tudo; animais vivos ou mortos. Sua preferência é por pequenos mamíferos, mas também podem incluir insetos, frutas, restos de animais mortos e de alimentos deixados pelos homens. No inverno ficam mais restritas aos pássaros marinhos, invertebrados, peixes e focas. A população que habita o interior fica mais sujeita aos lemingues, pequenos roedores. Muitas raposas também costumam seguir os ursos para alimentar-se das carcaças de animais deixadas por eles. Claro que nas regiões árticas a carne nunca apodrece isso facilita para esse tipo de alimentação.
Um dos segredos de sua sobrevivência é que durante o verão, quando há maior quantidade de alimentos, a Raposa do Ártico armazena comida em seus esconderijos para ter como sobreviver no inverno quando praticamente todos os outros animais desaparecem. Não bastasse essa idéia genial, o animal até parece ter sido projetado especialmente para o meio. Seu estômago digere qualquer presa e ela pode suportar ainda longos períodos de jejum sem grandes problemas.
Como se não bastasse essas características que por si já são de grande vantagem, ela é ainda grande caçadora. Usa um truque exclusivo da espécie. Deita-se na neve e finge-se de morta. Isso atrai a curiosidade de algum pássaro ou outro animal que se aproxima para verificar, então ela ataca. Além disso, sua pelagem muda de cor conforme a estação do ano. No verão fica acinzentado ou acastanhado o que lhe permite ficar quase invisível entre as rochas. No início do inverno acontece um fenômeno extraordinário. A ponta de sua cauda começa a ficar branca e isso vai se estendendo por todo seu corpo até que fica totalmente branco ótimo disfarce para a neve.
Para sobreviver às baixas temperaturas do inverno às vezes chegando aos 50º C negativos, entra em jogo outra série de características. Os pêlos são compridos e sedosos cobrindo até mesmo a sola dos pés. Além disso, sua pele é um perfeito isolante térmico que lhe possibilita viver no meio do gelo e da neve completamente à vontade. Esses animais só possuem dois predadores, os ursos e os homens que os caçam por causa de sua pele. Entretanto como essas regiões são de difícil acesso a presença do homem é mínima. Quanto aos ursos parece que as raposas já conhecem todos seus truques.
Além das características físicas totalmente adaptadas à região onde vive seu maior segredo está na sua convivência. Apesar de ser nômade, vive em pequenos bandos que se ajudam mutuamente. É um animal monogâmico, cada macho fica com uma parceira por toda a vida e inclusive ajuda na alimentação dos filhotes caçando às vezes mais de 30 roedores por dia para alimentá-los. Algo muito interessante de se notar é que, sendo a quantidade de filhotes às vezes muito grande, o bando é normalmente composto pelo macho e a fêmea com seus filhotes e ainda por outra fêmea de crias anteriores que permanece no bando para ajudar a criar a nova prole.
Sua moradia é em cavernas escavadas na tundra aberta ou nas regiões rochosas. Essas cavernas possuem sempre várias entradas chegando às vezes até oito e se estendem por até 30 metros quadrados. As mesmas são utilizadas por centenas de gerações de raposas. Até mesmo para sua procriação entre em jogo mais um segredo da natureza, a quantidade de filhotes vai depender da quantidade de alimentos disponíveis. Normalmente de 5 a 11, mas em épocas de fartura podem chegar até 20. Os filhotes nascem de olhos fechados e só abrem depois de duas semanas. São amamentados durante dois meses às vezes se estendendo um pouco mais conforme a necessidade. Quando os filhotes deixam de mamar, o macho ajuda na caça e alimentação dos filhotes até que estejam prontos para sobreviverem. Seu desenvolvimento é rápido e com apenas dez meses já atingem sua maturidade sexual.
Dados biológicos
Nome popular: Raposa do Ártico.
Nome científico: Alopex lagopus.
Nome em inglês: Arctic Fox
Filo: Chordata
Classe: Mammália
Ordem: Carnívora
Família: Canidae
Habitat: Regiões mais setentrionais do hemisfério norte, Eurásia, América do Norte, Groenlândia e Islândia.
Tamanho: 53 a 55 cm. A cauda mede por volta de 31 cm e tem de 25 a 30 cm de altura.
Peso: 3,1 a 3,8 kg.
Longevidade: 13 a 14 anos
Gestação: 51 a 54 dias.
Filhotes: Depende da quantidade de alimento disponível em cada período. Normalmente de 5 a 11, mas pode chegar até 20.
Reprodução: Monogâmica
OBS: A Raposa do Ártico é assim uma das maravilhas da natureza. Um equilíbrio perfeito entre o animal e o meio. Isto pelo menos enquanto o homem não conseguir estragar seu habitat ou simplesmente caça-la por dinheiro.
Fonte: http://jornalanimais.blogspot.com.br